cafundó

13 fevereiro, 2006

o artista e a modelo

no acabamento da matéria
meu rosto era só manchas
em parte eu era a mulher da pintura
em parte ele mentia com vermelho, marrom e preto
me querendo de todas as cores

eu me mentia modelo de semi-tons-semi-nua
mentia carne no meu rosto, fingia textura de cabelo
e simulava pano no meu colo descoberto
mentia um amor sem fim
inventava ser amada

a mentira é o arremedo do poema
sem ela nao há a arte nem o amor
e "tudo o que não invento é falso"