cafundó

08 maio, 2007

a outra passante

quando te procurava
era mesmo o meu corpo que perdia
em ruas passagens
em casas vazias
em mirantes difusos
em miragens de colos quentes

quando desencontrava
cruzava com poesia
com poças espelhadas
com passos longos e atravessados
com cenas vazias
em que criava um espaço
com altura, largura e profundidade
lugar de guardar o sonho

quando te via não me enxergava
nem com luneta, nem com caixa escura
minha imagem não-era
reflexo de antes de ti
onde não guardava minha alma
pois minha alma era a imagem que via



passado...



presente:


não sei de que serve o mundo sem essa dor.