cafundó

08 maio, 2007

a outra passante

quando te procurava
era mesmo o meu corpo que perdia
em ruas passagens
em casas vazias
em mirantes difusos
em miragens de colos quentes

quando desencontrava
cruzava com poesia
com poças espelhadas
com passos longos e atravessados
com cenas vazias
em que criava um espaço
com altura, largura e profundidade
lugar de guardar o sonho

quando te via não me enxergava
nem com luneta, nem com caixa escura
minha imagem não-era
reflexo de antes de ti
onde não guardava minha alma
pois minha alma era a imagem que via



passado...



presente:


não sei de que serve o mundo sem essa dor.

07 maio, 2007

sempre

sempre
eu te contemplava sempre
feito um gato aos pés da dona
mesmo em sonho estive atento
para poder lembrar-te sempre
como olhando o firmamento
vejo estrelas que já foram
noite afora para sempre

o teu corpo em movimento
os teus lábios em flagrante
o teu riso, o teu silêncio
serão meus ainda e sempre

dura a vida alguns instantes
porém mais do que bastantes
quando cada instante é sempre

música de chico buarque
cd carioca
foto original: fernando neves